A pílula do desejo feminino

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O desejo não se sustenta sem entrega e cumplicidade

 

Pois é, bacana a ideia, uma nova medicação foi aprovada para ajudar as mulheres a sentirem prazer, o Viagra feminino. O objetivo dessa nova invenção é realmente auxiliar na busca de uma vida sexual mais prazerosa, mas me pergunto a que custo?

O que mais ouço em consultório são mulheres que não gozam, não sentem desejo em função de um relacionamento água com açúcar. Sabe a mesmice, uma relação em que a ousadia e a criatividade são inexistentes, aí  a culpa acaba sendo das mulheres por terem dificuldades em alcançar o orgasmo.

Mas me questiono muito sobre esse assunto. Meses vi uma matéria onde os homens foram entrevistados sobre gostar ou não de fazer sexo oral, me surpreendi com os resultados: uma pesquisa realizada em 2014 pela empresa Sex Wipes no estado de São Paulo revelou que quase metade deles (43%) não realiza essa modalidade de sexo na companheira com frequência. Foram entrevistados 1.252 homens heterossexuais e sexualmente ativos com idades entre 18 e 30 anos. Destes, 78% afirmou receber sexo oral frequentemente na relação, enquanto quatro em cada 10 não o pratica de volta. Sendo que 35% deles disseram ter nojo da vagina da mulher.

Identifico uma dissonância na relação homem e mulher, o homem sempre busca o prazer total, adora receber esse carinho, mas quando chega a hora de fazer valer o desejo da parceira, cai fora. Alguns até tentam disfarçar passando correndo pela área de lazer da parceira, mas se enganam pensando que elas não percebem a diferença na entrega e no comprometimento do outro.

Doce engano, hoje o comportamento da mulher mudou e elas não querem mais um sexo meia boca, querem um homem que saiba estimular de forma adequada o corpo dela. Meus queridos, tá na hora de entenderem que temos direitos de dar e receber, de forma igual quanto ao comprometimento na área sexual.

Baseado nesses fatos acima relatados será que realmente o Viagra feminino terá lugar na vida das mulheres? Será que bastará um comprimidinho para sairmos dando pulos de alegria? Com certeza não, essa história ainda vai ter muitos desdobramentos, estou aqui curiosa para ver o final dessa experiência, onde se retira toda responsabilidade que temos em dar prazer, de valorizar o desejo, o cheiro, a pele.

Quando um casal tem conexão tudo rola, quando um tem prazer em dar prazer ao outro, onde o individualismo não conta, e sim a entrega. Estamos falando de relacionamento, de cumplicidade, de capacidade de amar por inteiro, e nada me convence que a pílula rosa poderá mudar essa equação.

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