A importância do descanso

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Texto: Nuno Cobra

Nuno Cobra
Nuno Cobra

O estresse, que costuma ser visto como grande vilão de nossas vidas, nada mais é que a pressão imposta a cada um de nós no dia a dia. Em si, ele é altamente positivo. É a mola que nos impele a fazer o que é necessário e nos coloca no melhor de nosso desempenho nos momentos em que somos exigidos. Esse estresse é natural ao organismo. É ele que nos faz agir diante de uma determinada situação, derramando estimulantes em nossa corrente sanguínea. É graças a ele que a espécie humana se perpetuou ao longo da história desde os primórdios, quando nossos ancestrais tinham de correr para se defender dos predadores que apareciam de repente.
Esse processo de fabricação de hormônios estimulantes, que nos deixam de repente eufóricos ou capazes de não sentir dores em uma hora de risco, é altamente benéfico. É um recurso extremo do organismo para nos por a salvo. O grande problema é quando o estresse se torna crônico. Aí ele vira nosso pior inimigo.

Um vilão capaz de minar a saúde. A vida do homem moderno parece um videoclipe, cheio de luzes, poluição e perigo para todos os lados. É evidente que, nesse fluxo incessante de acontecimentos, não dá nem tempo de o homem se adaptar.
A sociedade perdeu o sentido do ser. Vivemos em pânico, no meio de caos, querendo ganhar cada vez mais, trabalhar cada vez mais, produzir cada vez mais. O homem premido por tantas solicitações se esquece dele próprio e se projeta para as coisas ao seu redor. É só competir, competir, competir. Estamos vivendo um momento em que o deus mercado transforma indivíduos em consumidores.
Tudo está voltado para o consumo e o ser humano acaba se consumindo nessa história. Resultado: o homem vive estressado. E uma pessoa estressada tem as portas escancaradas para todo tipo de doença.
Se pudermos fugir desse estresse, podemos nos curar de quase tudo.

Ninguém pode se isolar do mundo moderno, mas podemos adotar atitudes e comportamentos que nos levem de volta ao aconchego e ao silêncio restaurador de cada final de dia. Nossos ancestrais não tinham luz elétrica. A luz constante é um fator de estímulo. Experimente chegar em casa e apagar as luzes, ascender algumas velas: com isso, você já diminui um pouco seu grau de estresse. Todos nós temos necessidade de escuro total.
O homem antigo dormia e acordava com o dia. Evite ligar a televisão, um fator altamente estressante. Coloque uma música calma. Temos de buscar o estímulo, mas também o repouso. O trabalho, mas também o descanso.
Trabalhar não faz mal, trabalhar muito não faz mal, trabalhar demais também não faz mal.
A questão é que não devemos viver sob este estresse por períodos muito longos, sem o devido relaxamento e descanso. O estresse é como um elástico, você pode esticá-lo, mas tem de afrouxá-lo para que possa esticá-lo novamente. Se esticá-lo indefinidamente, depois de certo tempo ele pode romper e aí não tem mais jeito! Assim deve ser o dia a dia de qualquer pessoa.

Muito trabalho não faz mal, desde que possa ser entrecortado por momentos de descanso, por períodos de lazer – para que a sua saúde não perca o poder de permitir essa flexibilidade e para que, quando envolvido no trabalho, a produção seja aumentada e você não corra riscos. Veja o exemplo do coração: ele trabalha e relaxa o tempo todo. O coração é uma filosofia de vida que ninguém percebeu. Pode contrair 3 milhões e quinhentas mil vezes, mas relaxará outras 3 milhões e quinhentas mil vezes.
Precisamos nos convencer, definitivamente, de que o ser humano não é máquina e, embora os estímulos não cessem, o homem tem de aprender que tem que parar. Tem de saber parar. Tem de, intimamente, resgatar seu ancestral que ascendia a fogueira no final do dia para repensar a vida, integrar o pensado, compreender o apreendido e, enfim, descansar. Dormir profundamente. Deixar brotar o novo dia, para, aí sim, entregar-se de novo à nova batalha…

 

Nuno Cobra é formado pela Escola de Educação Física de São Carlos e pós-graduado pela Universidade de São Paulo.
Foi preparador físico de Ayrton Senna, Mika Hakkinen, Rubens Barrichello, Abílio Diniz, entre outros.
É autor do best-seller A Semente da Vitória.

http://www.photon.com.br/RevistaMercadoAutomotivo/edicao/174/Materias/qualidade.asp

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