Aprender a comer é uma das armas contra obesidade. Dietas não foram feitas para obesos

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Dietas não foram feitas para os obesos. Este foi o recado de Monica Beyruti, nutricionista membro da Abeso, que participou do painel sobre Nutrição, realizado durante o XV Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, de 30 de maio e 1º de junho, em Curitiba (PR).

 Segundo a especialista, para que se atinja a perda de peso sustentável é preciso estabelecer um plano alimentar que leve em conta a presença de comorbidades, o comportamento do paciente, a possibilidade de recaídas e, claro, a inclusão de atividade física na rotina.

 “Dietas promovem a privação total ou parcial da alimentação, fazendo com que 85% das pessoas que emagrecem voltem a engordar. Além da privação física, há a emocional. Durante a dieta, há uma redução das necessidades energéticas, e isso se torna um círculo vicioso. O que pode desencadear compulsões alimentares”, afirmou.

 Monica defendeu o tratamento nutricional a longo prazo para a obesidade. “Se a doença é crônica, vale a pena um tratamento de choque?”, questionou, referindo-se às dietas.

 Para um cardápio equilibrado, a nutricionista recomendou a presença de 20% a 30% de fibras alimentares, de 50% a 70% de carboidratos – de preferência os complexos – e 15% de proteínas. Em relação à gordura trans, foi enfática: “Ela não deveria mais existir na alimentação”.

 Segundo ela, o plano alimentar não tem fim e prevê a manutenção da alimentação saudável e correta, o que leva o paciente a uma associação de prazer ao comer, e não de medo. “Esta é a perda de peso sustentável”, disse.

 Para Alexander Koglin Benchimol, médico, pesquisador do IEDE da Puc-Rio e membro da diretoria da Abeso, a adesão do paciente a um novo estilo de vida saudável é essencial para o sucesso do tratamento.

 Benchimol falou sobre os substitutos de refeição como um estratagema no combate à obesidade e para o controle glicêmico e metabólico. Os substitutos de refeição, segundo ele, são suplementos apresentados em pó, barras ou líquidos contendo proporções de macronutrientes e calorias exatas para substituir os alimentos. “E passam longe desses shakes da moda”, advertiu.

 Segundo ele, a American Diabetes Association recomenda a ingestão dos substitutos, uma ou duas vezes ao dia. “Há evidências de melhor controle glicêmico do que as fórmulas padrão, proporcionando equilíbrio metabólico”, disse.

 Benchimol apresentou um estudo randomizado, realizado em Xangai, que constatou melhora de pressão arterial, dos níveis de glicemia, perda de peso, diminuição da circunferência abdominal e melhor equilíbrio metabólico em pacientes que utilizaram substitutos de refeição no café da manhã.

 O médico ressaltou a importância dos substitutos, mas lembrou: “o objetivo não é competir com as diretrizes de um plano alimentar, por exemplo, mas sim ajudar a cumpri-las”.

 Outros dois poderosos aliados do emagrecimento são os pré e probióticos, ambos tema de palestra de Regina Maria Vilela, especialista em nutrição clínica e mestre em bioquímica pela Universidade Federal do Paraná.

 Os chamados probióticos são microorganismos vivos da flora intestinal normal, ou seja, são as bactérias presentes normalmente no intestino, com a função de auxiliar seu funcionamento e proteger o corpo de bactérias que possam fazer mal.

 Alimentos como cebola, tomate, centeio, banana, e alho são ricos em probióticos, segundo Regina Vilela. A intolerância a eles pode acontecer, mas varia de indivíduo para indivíduo.

 Já os prebióticos são fibras não digeríveis, mas que fermentam no intestino e estimulam o crescimento das bactérias probióticas. Além de melhorar o funcionamento do intestino e diminuir os riscos de infecções, os prebióticos também podem diminuir a absorção de gorduras pelo intestino.

 Segundo a especialista, diversos estudos têm sido feitos para provar que os pré e probióticos auxiliam na diminuição da grelina e no aumento do peptídeo YY, ambos com efeito direto na redução do apetite, no consumo de carboidratos e, consequentemente, em melhores níveis de glicemia. Por protegerem o intestino e regularem o seu funcionamento, aumentando a produção de GLP2, as pesquisas sugerem que o paciente obeso fique menos propenso a receber endotoxinas, o que melhoraria a resposta inflamatória. “Os prebióticos e probióticos podem modular a resposta intestinal atuando como mediadores do apetite e promovendo a perda de peso”, afirmou.

 Os estudos sobre este tema, e que buscam isolar tais substâncias para propor novos tratamentos, ainda são iniciais. “Mas o que sabemos com garantia é que eles estão nos alimentos, fazem parte da nossa alimentação. Eles não se sobrepõem a uma alimentação balanceada e, sozinhos, não vão resolver. Os estudos ainda são iniciais, mas já se sabe que eles possuem efeitos benéficos”.

Texto: Aline Moura, especial para o site da Abeso

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