Novo Emagrecedor – ABESO esclarece a população sobre o liraglutide, medicamento que inibe o apetite.

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AINDA NÃO!!

Esta semana, a reportagem de capa da revista VEJA é sobre um novo medicamento antidiabético que faz emagrecer. O liraglutide (VICTOZA ) é um fármaco sintético que tem ação semelhante ao  hormônio  humano glucagon-like peptídeo (GLP-1). Tem ação pancreática na modulação da insulina e glucagon e auxilia no tratamento do Diabetes  Mellitus tipo 2. Além destes efeitos, também têm ação sacietógena, agindo tanto no sistema nervoso central (aumentando a saciedade e reduzindo a fome) como no trato digestivo, reduzindo o esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal (o que também aumenta a saciedade). Desta forma, os diabéticos em uso do medicamento perdem peso porque comem menos.

Este medicamento foi lançado recentemente no Brasil para o tratamento de Diabetes do tipo 2.  Os estudos em obesos não diabéticos de fase I e II mostraram que o medicamento tem poucos efeitos colaterais: cefaleia, náuseas e vômitos nas primeiras semanas de uso, efeitos estes que se atenuam com o tempo. A perda de peso é significativa (em média 7kgs).  Os estudos de fase III estão sendo realizados em 27 países, inclusive no Brasil. No entanto, diferente do que está escrito na reportagem, os pacientes que entraram neste estudo são obesos (IMC>30kg/m2)  ou com IMC >27kg com complicações como hipertensão arterial, dislipidemia e pré-diabetes. Os pacientes apenas com sobrepeso, sem comorbidades, foram excluídos do estudo. Todos os participantes estão sendo submetidos a uma dieta hipocalórica e reforços para aumentar a atividade física. Estes estudos estão no início e vão demorar pelo menos mais um ano.  Só após o término deles é que a medicação pode ser submetida às agências sanitárias para receber a permissão de comercialização (no Brasil e no resto do mundo).

É importante salientar que:

1. Apesar de os resultados em relação à perda de peso serem promissores, o liraglutide não é milagroso. Há necessidade de mudanças comportamentais (dieta e exercícios).

2.O custo da medicação limita seu uso até pelos diabéticos (>250,00 reais por mês).

3.Os efeitos adversos da medicação poderão ser mais bem avaliados a partir de seu lançamento, no pós-marketing (será utilizado por milhares de pacientes diabéticos).

4.Não deve ser prescrito para o tratamento de obesidade em pacientes não diabéticos (uso off- label), até que os estudos específicos para obesidade sejam encerrados. E não é indicado para pacientes com sobrepeso sem complicações. O medicamento não foi submetido à aprovação das agências sanitárias para o tratamento de obesidade ou sobrepeso em indivíduos sem diabetes.

Achamos, no mínimo, temerária a propaganda do uso indiscriminado deste medicamento para emagrecer. Está provocando uma verdadeira corrida aos consultórios médicos para a prescrição da medicação. Isto ocorreu recentemente com o Rimonabanto (Acomplia) – a pílula da barriga. A prerrogativa da prescrição da medicação era do paciente (ele já chegava ao consultório médico pedindo o medicamento), e não do médico. E também algum tempo atrás com o Orlistate (Xenical), cujo uso foi banalizado graças a propagandas como “se você quer perder alguns quilinhos, procure seu médico”.

Isto não pode voltar a acontecer.  Temos que ter um pouco mais de paciência e de bom senso.

Dra Rosana Bento Radominski
Presidente da Associação para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica – ABESO

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