Pesquisadores descobriram uma explicação genética potencial que levaria algumas pessoas a comerem mais e ao maior risco de obesidade

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Uma equipe de pesquisadores descobriu que pessoas quecarregam duas cópias de uma variante do gene “FTO” são mais propensasa sentir fome logo depois de comer uma refeição, porque carregam níveis mais altos do hormônio grelina, um dos responsáveis pela fome, em sua corrente sanguínea.

 Pessoas com a dupla variante têm diferentes respostas neurais na região do cérebro conhecida por regular o apetite e o centro de prazer/recompensa, que normalmente responde ao álcool e uso de drogas. Cerca de uma em cada seis pessoas carrega duas cópias desta variante do gene FTO.

 Amostras de sangue foram coletadas para testar os seus níveis de grelina, um hormônio secretado pelo estômago que estimula o apetite. Os níveis de grelina aumentam normalmente antes das refeições e depois caem, mas os pesquisadores descobriram que pessoas com a variante de duplo FTO tinham níveis muito mais altos de grelina após a refeição e sentiram fome mesmo depois de comer, em comparação com pessoas que tiveram a variação que traz menos risco de obesidade.

 Na etapa seguinte, a equipe de pesquisadores usou a ressonância magnética funcional para medir como o cérebro responde a imagens de alimentos e como os níveis de grelina se comportam antes e depois de uma refeição, utilizando outro grupo de 24 pessoas. Foi confirmada alteração nos níveis de grelina na corrente sanguínea quando expostos a imagens de alimentos em pessoas com duplo FTO. Essas pessoas também se sentiam mais atraídas por imagens de alto teor calórico mesmo após as refeições. A explicação seria que seus cérebros respondem de forma diferente quando expostos a imagens desses alimentos, porque a grelina atua de forma diferente. Além de naturalmente terem níveis de grelina mais altos.

 O duplo FTO levaria ao desbloqueio do modelo genéticos utilizado para fabricar a grelina no organismo, aumentando a sua produção e a sensação de fome. A endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora da Abeso, concorda que esta descoberta é uma importante contribuição para a compreensão do processo mecanicista de como o gene FTO afeta a fome e a obesidade. “A variação no gene FTO é a que apresenta maior associação com obesidade. Até a publicação do presente artigo não se sabia por qual mecanismo ela influencia no peso”, lembra a diretora da Abeso.

 Outros estudos descobriram que as pessoas com a variante de alto risco de obesidade FTO pesam, em média, apenas 6,5 quilos a mais que as pessoas sem a variante. Isso quer dizer que a presença do duplo FTO, sozinho,não explicaria a epidemia de obesidade. “Mas é um fator a importante a ser considerado e estudado”, destaca Maria Edna.

 A descoberta pode direcionar melhor o tratamento. É sabido que a produção de grelina pode ser reduzida por meio do exercício físico, como correr e andar de bicicleta, ou pela ingestão de uma dieta rica em proteína. Existem também alguns medicamentos que atuam de forma a suprimir a grelina, o que, segundo os autores da pesquisa, pode ser particularmente eficaz se eles são direcionados para pacientes com a variante do duplo gene FTO .

 A pesquisa foi conduzida pelo Dr. Rachel Batterham, diretor do Centro de Pesquisa Obesidade, da Universidade College London Hospitals, por Emmanuel Pothos, professor associado do departamento de fisiologia e farmacologiamolecular da Tufts University School of Medicine, da Boston University e Ruth Loos, professora do departamento de medicina preventiva da Icahn Scholl ofMedicine, de Monte Sinai. O estudo foi publicado no Journal of Clinical Investigation.

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