HC testa atendimento psiquiátrico on-line

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CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq) testará, pela primeira vez, o tratamento de pacientes deprimidos por meio de consultas por videoconferência pela internet.

Os cem pacientes selecionados vão ser divididos, aleatoriamente, em dois grupos. Metade receberá o atendimento convencional (medicação e consultas de 20 minutos, uma vez por mês, no ambulatório do IPq).

Os outros 50 serão atendidos virtualmente (consultas mensais de 20 minutos pela internet) e receberão a medicação por motoboy. O tratamento vai durar um ano. Os interessados podem se inscrever pelo e-mail agendamento.ipq@gmail.com.

Segundo a psicóloga Ines Hungerbuehler, pesquisadora do Laboratório de Neurociências do IPq, o objetivo é verificar se o atendimento psiquiátrico virtual é tão eficaz quanto o presencial.
“Será uma forma de ampliar o acesso e a eficácia do acompanhamento do paciente crônico e, ao mesmo tempo, liberar o ambulatório para os casos agudos, que realmente precisam de um contato presencial.”

O CFM (Conselho Federal de Medicina) veta consultas on-line –exceto quando fazem parte de pesquisas.

REINO UNIDO
Um estudo recente feito com dados de 36 mil pacientes do Reino Unido concluiu que terapia à distância é tão eficaz quanto a sessão no consultório. Foram comparados os resultados de pessoas atendidas por psicólogos à distância (por telefone ou Skype) com quem fez as sessões cara a cara

Avener Prado/Folhapress
Daniela Gonzaga, 28, faz terapia on-line com dois psicólogos, um para tratar de questões familiares e outro para questões de trabalho

A eficácia das duas modalidades só foi diferente para quem tinha problemas mais graves (depressão severa e fobias) e idosos. O custo da terapia on-line foi 36% menor.

Segundo o psicólogo Peter Jones, da Universidade de Cambridge, a terapia à distância facilita o acesso a serviços de saúde mental de pessoas com limitações de tempo, transporte ou com deficiências físicas. O estudo foi publicado na revista científica “PLoS One”.

A partir do achado, o governo inglês começou a testar técnicas de treinamento para que psicólogos da rede pública façam o atendimento à distância.

No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia baixou, em junho, novas regras para a interação à distância entre psicólogos e pacientes. As normas, que entram em vigor em janeiro, aumentaram de dez para 20 o número máximo de sessões pela internet.

Oficialmente, as sessões psicológicas por e-mail, MSN ou Skype são permitidas só para aconselhamento.

O atendimento psicoterápico, sem limite de consultas, precisa ser presencial –exceto para fins de pesquisa.

Mas oito psicólogos afirmaram à Folha que já fazem psicoterapia à distância.

Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia, reconhece que a permissão necessita ser revista. “Precisamos acompanhar a tecnologia. Mas temos que resolver muitas questões ainda em aberto na terapia on-line, como a manutenção do vínculo com o paciente.

FALTA DE INFORMAÇÃO
A falta de capacitação de psicólogos é um dos principais entraves à expansão da terapia on-line, segundo especialistas.

“Muitos acham que é fácil, que é só transportar a experiência da clínica para o on-line. Mas isso é um engano”, diz Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC.

Segundo Milene Rosenthal, do site Psicolink, que reúne 40 psicólogos, o profissional também deve atentar para a segurança das informações. O site cobra R$ 65 por consulta.

A assistente comercial Daniela Gonzaga, 28, faz terapia on-line com dois psicólogos. “Um para me orientar sobre questões profissionais e o outro, para um problema familiar.” Ela aprovou o atendimento. “Na segunda sessão, já consegui resolver um problema com a minha mãe.”

Para Daniela, a facilidade de receber um atendimento sem sair de casa e o preço “mais em conta” são as principais vantagens da terapia on-line.

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1169707-hc-testa-atendimento-psiquiatrico-on-line.shtml

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