Corpo perfeito: ele existe mesmo?

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Quando a pessoa se aceita fisicamente, se torna desnecessário qualquer tipo de comparação com outros corpos

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Se você tivesse, nesse exato momento, o poder de desenhar suas próprias formas físicas, por qual tipo de corpo optaria: pernas grossas, bumbum e seios grandes… Ou por um mais enxuto, sem tantas curvas? Afinal, como é o tal “corpo perfeito”, que tantas mulheres buscam hoje em dia?!

Algumas pessoas certamente escolheriam a primeira opção; outras, não teriam dúvidas em decidir pela segunda. Mas a divergência de opiniões serviria exatamente para mostrar que não existe um padrão único de beleza que agrade a gregos e troianos e, sim, diferentes pontos de vista.

Porém, é fato também que, nos dias atuais, muito se fala sobre “conquistar um corpo perfeito” e essa ideia tem sido uma preocupação constante entre homens e mulheres.

A psicóloga Luciana Kotaka, especialista em Obesidade e Transtornos Alimentares e coautora dos livros Comportamento Magro com Saúde e Prazer e Estômago Magro versus Pensamento Gordo, explica que “a conquista do corpo perfeito” tem sido um sonho para muitas pessoas, pois representa saúde, poder, status, aumenta a autoestima e também passa uma falsa sensação de felicidade. “As pessoas andam bem insatisfeitas com o corpo, então focam na atividade física e nas dietas como forma de alcançar esse objetivo”, diz.

Ainda de acordo com a profissional, essa preocupação vem crescendo cada dia mais em função da divulgação do corpo magro e/ou forte como sinônimo de beleza. “Esse é um problema que estamos enfrentando há algum tempo e que parece não mudar tão cedo, apesar de campanhas como, por exemplo, a da Dove, mostrando a real beleza da mulher, entre outras empresas com o mesmo foco”, explica.

Até que ponto é saudável?

É do conhecimento de todos que, investir numa boa alimentação e praticar atividades físicas, é fundamental para garantir mais saúde e qualidade de vida. Porém, quando o único objetivo da pessoa torna-se conquistar um corpo – considerado pela maioria – perfeito, a união desses dois fatores pode seguir por um caminho inverso.

Isso porque, muitas pessoas acabam fazendo grandes restrições em seu cardápio e/ou aderindo às dietas da moda, sem se preocupar com a sua saúde. Algumas apostam no uso de suplementos, sem ao menos consultar um profissional; enquanto outras chegam até a contar com a ajuda de remédios para alcançar seus objetivos.

Neste sentido, fica a dúvida: até que ponto a busca pelo “corpo perfeito” é saudável?

Luciana Kotaka destaca que o saudável é o equilíbrio, sempre. “Podemos escolher ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas, porém, de forma equilibrada, para buscar saúde”, explica.

A psicóloga acrescenta que a busca pelo “corpo perfeito” começa a se tornar algo negativo quando o foco da pessoa é apenas este: ela pensa somente em malhar, busca leituras sobre o assunto e tudo gira em torno de recursos para se alcançar o corpo bonito.

Em relação à alimentação, Luciana destaca que existe a ortorexia, que é uma patologia decorrente do radicalismo em busca de uma alimentação saudável. “Acontece quando a pessoa se torna obsessiva em relação à qualidade dos alimentos que consome, podendo chegar até a ter um quadro de desnutrição.

Essa obsessão com a escolha dos alimentos, com o tempo, aumenta a lista dos alimentos evitados até que ela não ingira nenhum alimento que não seja rigorosamente escolhido, que não se saiba a procedência ou que ela mesma cultive”, explica. “Tudo o que a pessoa irá consumir é medido e avaliado, as calorias, os nutrientes, as vitaminas, pois ela passa a pensar de forma obsessiva no que irá ingerir o tempo todo”, acrescenta.

Malefícios

Além da patologia citada acima, a busca excessiva por um corpo considerado perfeito pode desencadear problemas sérios de saúde, sem falar de outros transtornos alimentares, que exigem tratamentos difíceis e multidisciplinares.

Mas os riscos não param por aí. Luciana Kotaka destaca que essa preocupação em conquistar um corpo perfeito pode gerar uma série de situações que acabam complicando a vida da pessoa em questão, seu convívio familiar e social. “Ela pode gerar estresse e até afastamento do convívio social. Normalmente, quando a pessoa se foca somente nessa busca, se alia a pessoas com o mesmo objetivo, o que torna ainda mais difícil essa convivência. Isso porque o foco é somente ficar belo e, então, se perde o interesse por outras situações”, explica.

Dessa forma, fica claro que a preocupação excessiva em conquistar um corpo perfeito pode gerar diversos problemas à saúde e à vida social da pessoa em questão. Além disso, ela não passa de uma ideia ilusória, já que não existe – e nunca existirá – um único tipo de corpo considerado o ideal. E beleza, também, é uma questão de opinião.

É fundamental, sim, que a pessoa siga uma alimentação saudável e pratique atividades físicas, mas buscando, em primeiro lugar, benefícios à sua saúde.

É importante também que ela se sinta bem com seu corpo, com a sua aparência. Porém, para que isso aconteça, ela nunca deverá se esquecer de que é uma pessoa única, com características próprias, o que torna inútil e sem sentido qualquer comparação com as formas físicas de outras pessoas.

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